O ENCLAVE DE CABINDA NÃO É ANGOLA

  • há 8 anos
O que é o enclave de Cabinda?


A Realidade de Cabinda
Neste excelente livro o autor, tenente coronel António Lopes Pires Nunes, relata minuciosamente o que se passou realmente em Angola desde a Sublevação da Baixa do Cassange a Nambuangongo. Sugerimos vivamente a sua leitura a todos aqueles que estão interessados em saber a verdade sobre a descolonização e a guerra em Angola. Como o livro tem copyright e não será fácil de adquirir àqueles que vivem em Angola, solicitamos a complacência da Editora e do Autor. Obrigado
O Enclave de Cabinda, com cerca de 7.000km2, área correspondente ao Algarve (Portugal), localiza-se 50 km a norte da foz do rio Zaire (Congo), encaixado entre o Congo ex-belga e o Congo ex-francês, sem qualquer fronteira com Angola, e com uma linha de costa, embora pequena, superior à do Congo ex-belga e quase tão grande como a do Congo ex-francês. Este aspecto constitui um factor geo-estratégico de peso a juntar à sua importância económica que se alicerçava nas indústrias da madeira extraída da riquíssima floresta do Maiombe. Em 1961, não se conhecia ainda a sua riqueza petrolífera que, a partir de 1964, haveria de transformar radicalmente |a fisionomia da cidade de Cabinda e as potencialidades deste minúsculo território.
Quando estava sob a responsabilidade administrativa portuguesa, tinha cerca de 70.000 habitantes os quais, devido à pequenez do território e o facto de as fronteiras serem em grande parte convencionais, estabeleciam facilmente relações com as populações dos dois Gongos, onde quase todos os cabindas tinham familiares e aonde se deslocavam frequentemente.
A sua localização próximo da embocadura do Zaire, conferiu a estas paragens, durante a "Corrida a África; provocada pela Revolução Industrial, um grande valor estratégico que esteve na origem da cobiça que as potências europeias manifestavam, então, por elas. Ao longo do Sec. XIX, ali se cruzaram os interesses de Portugal, legítimo detentor da soberania na área, da França e, sobretudo, da Inglaterra que tentava sobrepor-se com o argumento da supressão da escravatura. É sabido que as suas verdadeiras intenções eram outras e que pretendia penetrar no coração de África por aquela região em busca de matérias primas e de zonas comerciais com interesse. Na área litoral da Cabinda actual existiam os territórios de Cabinda, Malembo, Massabi e Cacondo, dependentes de alguns, reinos, recaindo as pretensões estrangeiras especialmente naqueles em que Portugal estava mais debilmente alicerçado. Era essencialmente nestes que a França, a Inglaterra e, depois, a Associação Internacional do Congo, fundada em 1876, por Leopoldo Rei da Bélgica queriam estabelecer acordos locais de fixação, à margem do Governo Português. Os povos resistiam a este propósito e, por esta atitude, Portugal concedeu títulos a alguns chefes gentílicos como a Ranque Franque a quem foi conferido o posto de coronel e a Manuel Puna que foi titulado de barão, figuras que ficaram ligadas ao nome de Cabinda.

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